Para ajudar nos estudos...
A escolha de determinada via de administração depende de:
(a) efeito local ou sistêmico do fármaco
(b) propriedades do fármaco e da forma farmacêutica administrada
(c) idade do paciente
(d) conveniência
(e) tempo necessário para o início do efeito farmacológico
(f) duração do tratamento
(g) obediência do paciente ao regime terapêutico
VIA ORAL
A via oral é a via de administração mais conveniente, mais segura e, também, mais econômica. Fármacos administrados por via oral podem exercer um efeito local no trato gastrointestinal ou ser absorvidos pela mucosa gastrointestinal e exercer efeitos sistêmicos. A absorção pode ocorrer no intestino delgado, na mucosa bucal e sublingual, no reto e, em menor extensão, no estômago e no intestino grosso. As formas farmacêuticas administradas por via oral mais comuns são: comprimidos, cápsulas, drágeas, pós, granulados (sólidas), soluções, suspensões, emulsões (líquidas). As soluções aquosas alcançam rapidamente o intestino delgado, sendo mais rapidamente absorvidas. As partículas das suspensões devem primeiro ser dissolvidas nas secreções do trato gastrointestinal antes que ocorra a absorção, sendo um pouco mais lentamente absorvidas do que as soluções.
Cerca de 75% de um fármaco administrado oralmente são absorvidos em 1 a 3 horas, entretanto, alguns fatores podem alterar essa velocidade de absorção:
(a) motilidade do trato gastrointestinal - desordens como enxaqueca e neuropatia diabética produzem "estase" gástrica, ou seja, falta de motilidade gástrica, diminuindo a absorção. Alguns fármacos podem afetar, também, a motilidade gastrointestinal, reduzindo (bloqueadores muscarínicos) ou aumentando (metoclopramida). Movimento excessivamente rápido do intestino (diarreia) pode comprometer a absorção de fármacos. A presença de alimentos no estômago geralmente retarda a absorção porque retarda o movimento para o intestino, uma exceção é o propranolol, que tem sua absorção aumentada após as refeições.
(b) fluxo sanguíneo esplâncnico - a circulação esplâncnica é constituída pelo suprimento sanguíneo do trato gastrointestinal, baço e pâncreas. No caso da redução do fluxo sanguíneo esplâncnico, seja por hipovolemia ou insuficiência cardíaca, por exemplo, há, também, redução na absorção de fármacos por via oral.
(c) forma farmacêutica e tamanho das partículas do fármaco - medicamentos são formulados para produzir certas características de absorção. Para fármacos administrados em forma sólida, a taxa de dissolução pode limitar a absorção, especialmente para fármacos de baixa hidrossolubilidade. O tamanho das partículas dos fármacos afeta a sua dispersão e dissolução nas secreções gastrointestinais, quanto menores as partículas, mais fácil dipersão e dissolução, portanto, mais rápida a absorção.
(d) propriedades físico-químicas dos fármacos - fármacos mais lipossolúveis são absorvidos mais rapidamente, porque demonstram facilidade em atravessar membranas lipídicas.
Fármacos destruídos por secreções gástricas e baixo pH ou que causam irritação gástrica algumas vezes são administrados por via oral em formas farmacêuticas com revestimento entérico, que evitam a dissolução em conteúdos ácidos gástricos. É como se a forma farmacêutica fosse "programada" para somente se dissolver em valores de pH de 5 a 6 (intestino delgado). Exemplos de fármacos que podem ser administrados por via oral utilizando-se formas farmacêuticas com revestimento entérico: enzimas, antimicrobianos e pantoprazol (decompõem-se em meio ácido), salicilato de sódio, naproxeno, fenilbutazona, oxifenilbutazona, cloreto de potássio, indometacina e diclofenaco (fármacos irritantes do trato gastrointestinal), antissépticos intestinais (administração local nos intestinos), mesalazina e sulfassalazina (não devem sofrer diluições antes de chegar ao intestino delgado) e pancreatina (deve produzir seu efeito máximo no duodeno ou jejuno).
Existe ainda um outro tipo de forma farmacêutica de uso oral (que não a convencional) chamada de forma farmacêutica de liberação prolongada. Elas são projetadas para produzir absorção lenta e uniforme por 8 horas ou mais, mantendo sua concentração plasmática em níveis terapêuticos durante esse tempo prolongado. Essas formas farmacêuticas requerem administrações menos frequentes, ou seja, o paciente deve ingerir um comprimido desse tipo menos vezes ao dia do que um comprimido convencional, o que aumenta a adesão desse paciente ao tratamento. Também reduzem as oscilações na concentração sanguínea, evitando níveis subterapêuticos ou tóxicos do fármaco.
As principais desvantagens da via oral incluem:
(a) absorção limitada de alguns fármacos devido as suas características físico-químicas (baixa solubilidade em água ou baixa permeabilidade da membrana)
(b) êmese (vômito) como resultado da irritação da mucosa do trato gastrointestinal
(c) destruição de alguns fármacos por enzimas digestivas ou baixo pH gástrico
(d) irregularidades na absorção na presença de certos alimentos ou outros fármacos
(e) necessidade de cooperação do paciente
(f) efeito de primeira passagem
(g) a via oral não é adequada para usar em pacientes sedados, comatosos ou sofrendo de náuseas ou vômitos
Orientações ao paciente ao administrar um medicamento por via oral:
(a) ingerir comprimidos e cápsulas com volume suficiente de água (se determinado comprimido ou cápsula ficar aprisionado no esôfago, pode causar irritação - fármacos com sais ferrosos)
(b) preparações líquidas são preferidas para idosos e crianças, pela facilidade de deglutição
(c) formulações especiais exigem instruções específicas (sempre agitar bem a suspensão antes da administração, comprimidos efervescentes devem ser completamente dissolvidos antes da administração, fármacos com revestimento entérico ou de liberação prolongada não podem ser fragmentados)
(d) orientar quanto ao esquema posológico (12 em 12 horas, 8 em 8 horas, etc.)
---> Depois posto mais...
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